Sertão Hoje

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Academia Caetiteense de Letras

Esta Coluna é produzida pelos integrantes da Academia Caetiteense de Letras (ACL) e os seus convidados e tem por objetivo compartilhar com o público discussões relevantes sobre temas da atualidade, sob a ótica acadêmica e literária.

Nossos falares: somas, subtrações e muito mais

Como Deus foi bom quando nos deu o poder de falar! De saber falar em linguagem  fluente, de forma clara e envolvente, de uma maneira inteligente que possa agradar. Falar pela certeza de que há quem queira e possa escutar. Falar e ser ouvido. Falar e ser compreendido. Falar sabendo que quem ouve cultiva a sabedoria de escutar, refletir e avaliar. Sabedoria para acrescentar ao que se ouviu, falando também.

Quantas e como são as nossas vozes! Masculinas e femininas. Suaves e roucas. Carinhosas e autoritárias. Melodiosas e desafinadas.  Grossas e finas. Agradáveis ou não. Muitas e variadas são as nossas entonações de voz.

Vezes acontece uma voz sem graça, que não chama atenção nem desperta qualquer interesse para ouvir. Outras vezes acontece uma voz que faz calarem-se outras vozes. Nem se sabe sobre o assunto, mas a voz chama a atenção. Tão diferente de outra voz esganiçada que, mesmo com algum assunto importante, até, fere ouvidos. Encanta a todos a voz de quem tem o privilégio de cantar bem. Não é do autor da melodia, mas sua voz atrai multidões.

Nosso cérebro absorve o que se vê, o que se ouve e o que se sente. Processa e metaboliza todas as informações do ambiente. Um torvelinho mental acontece até que a nossa inteligência cognitiva defina procedimentos. Então, assim, chega o momento quando se criam razões e preferências que fazem o corpo executar.

Falar é abrir a porta de saída do que se mentalizou da forma como se processou. Sem alterações. Sem disfarces. Do jeito que se viu, que se ouviu ou que se sentiu. A verdade.

Assim é o falar dos pais que amam seus filhos. Da pessoa de bem. De quem vive com dignidade, com amor e respeito ao semelhante. 

Falar é, também, abrir a porta de saída do que se mentalizou com adulterações. Como não se viu, não se ouviu ou não se sentiu. Diferente. Com modificações e alterações. A mentira.

Assim é o falar do desacreditado. Da pessoa que faz da mentira sua ferramenta principal. Que foge da verdade pela sua incapacidade natural de gerir seus próprios assuntos. Que tenta enganar e burlar para obter vantagens. Que sabe chorar, para ludibriar, quando tem motivos para sorrir. Que sabe sorrir, hipocritamente, quando tem motivos para chorar.

Falar é publicar razões, emoções, sentimentos, dúvidas e convicções. É convencer. Conduzir. Transmitir argumentos a quem ainda não os encontrou. É dividir conhecimentos. É iluminar o caminho de outra pessoa. É abrir os olhos de alguém.

Falar, então, é solidarizar-se pela troca de boas ideias que possam vir a contribuir com o progresso mental e, consequentemente, com a qualidade de vida de alguém. Ou falar, então, é conspirar, é tentar vencer pela mentira a quem ouve de boa-fé.

Falar é descontroladamente maravilhoso quando envolve a troca inocente no adulto,de falar e ouvir: declaração de amor.

Os cuidados necessários e indispensáveis a todos esses nossos falares impõem cuidados tão grandes ou maiores que não podem dispensar a sabedoria de ouvir.

N.R.- Desta feita, a coluna “O Silogeu” traz um texto de autoria do“Acadêmico Correspondente” Haroldo Luiz Cardoso Gumes, que é poeta, escritor, ex-prefeito do município de Macaúbas, onde se radicou e também exerceu o Magistério. Haroldo Gumes foi diplomado na Sessão Solene de 9 de setembro de 2017.

Saiba mais sobre a ACL acessando https://pt.wikipedia.org/wiki/Academia_Caetiteense_de_Letras.