Estudante e professora brumadenses recebem medalha de prata da Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa
Terça / 29.10.2019
Por Redação Sertão Hoje
O aluno Luiz Gustavo Carlos Morais e a professora Rosângela dos Santos Marques, da Escola Municipal Oscarlina Oliveira, foram a São Paulo participara da premiação.
Nos dias 23, 24 e 25 de outubro, o aluno Luiz Gustavo Carlos Morais e sua professora Rosângela dos Santos Marques, da Escola Municipal Oscarlina Oliveira, estiveram na cidade de São Paulo para receber as medalhas de prata da 6ª Olimpíada Brasileira de Língua Portuguesa. Além da medalha, Luiz também foi agraciado com 1 ticket de vale compras de R$ 400 e a professora com um de R$ 170, ambos para a retirada de livros no local do evento.
Confira no “leia mais", ao final da matéria, a crônica “O Tempero da Vida”.
A Secretaria Municipal de Educação de Brumado aderiu ao Programa Escrevendo o Futuro no início de fevereiro, em seguida, os professores fizeram suas inscrições e aplicaram as oficinas em suas respectivas salas de aula no período de fevereiro a agosto. Após a realização das oficinas, os alunos produziram diversos gêneros textuais, como: poema, memórias literárias e crônicas. Depois, os textos são analisados por comissões julgadores em 5 etapas. Sendo elas: a Escolar, a Municipal, a Estadual, a Regional e a Nacional. A crônica “O tempero da vida”, do aluno Luiz Gustavo Carlos Morais foi aprovado nas etapas: Escolar, Municipal, Estadual e Regional.
A Olimpíada de Língua Portuguesa é um concurso de produção de textos para alunos de escolas públicas de todo o país. Iniciativa do Ministério da Educação (MEC) e do Itaú Social, com coordenação técnica do CENPEC, a Olimpíada integra as ações desenvolvidas pelo Programa Escrevendo o Futuro. O tema das produções nesta edição é “O lugar onde vivo”, que propicia aos alunos estreitar vínculos com a comunidade e aprofundar o conhecimento sobre a realidade local, contribuindo para o desenvolvimento de sua cidadania.
O tempero da vida
Sexta-feira de manhã, num calor de enfartar, TUMTUMTUM TUM! Meu Whatsapp anuncia: minha turma já me aguardava na Avenida Centenário, próximo à Cesta do Povo, para um protesto em prol dos nossos direitos.
Lá vou eu, cabeça erguida, peito estufado, um cidadão consciente. No meu trajeto, percebo que a cidade é um verdadeiro formigueiro. Pessoas chegavam de vários bairros, povoados ou até municípios vizinhos com seus produtos para comercializar. Todo dia de feira é assim! Agora, leitor, avistei um senhor que virou minha cabeça e dilacerou meu coração. Sentado num banquinho, barbas envelhecidas pelo tempo, gritava com voz frágil, chamando seus fregueses:
_ Olha o tem-pe-ro verde! Olha o tem-pe-ro verde!
Os meus olhos pretos encontraram os olhos azuis daquele homem judiado pelo trabalho do campo e pelas ações dos anos. Talvez tivesse uns 50 anos, mas aparentava mais de 70.
A gritaria dos estudantes me lembrou da passeata, já na avenida, me juntei às várias escolas públicas, particulares, universidades, empresas e outras instituições. Trajando preto, cartazes em riste, apitos e buzinas expressando a nossa revolta. A avenida agora era só nossa. Como o tempo não favorecia, foi necessário milhares de garrafas de água, geladinhos e picolés. Os vendedores ambulantes enchiam os bolsos. Os carros e as motos buzinando, não sei se era para ajudar ou pedir licença?! Eu, motivado pelos gritos dos meus companheiros, também gritava: “Invistam na educação!”, “Melhorias para a saúde!”, “Empregos, já!”, “Cuidem dos idosos!”. Nesse momento, me deu um calafrio, lembrei daquele senhor que ficou lá atrás, esquecido por nós.
Da avenida Centenário fomos para a praça Capitão Francisco de Souza Meira, mais conhecida como Praça da Matriz. O cartão postal da cidade. Imponente, viva há mais de 150 anos, a igreja Matriz reina. Neste lugar, a emoção aumenta, os discursos dos protestantes ganham força, nos enchem de esperança. É a fé do povo do sertão que resiste.
As horas passam, já é quase meio-dia. As pessoas voltam para suas casas, não tão satisfeitas, mas com a sensação de dever cumprido. Minha barriga ronca, é momento de ir embora. Passo pelas mesmas ruas, meu coração quer rever aquele senhor. Meus pés se apressam, mas meus olhos não alcançam mais a sua barraca. Ele já se foi! Provavelmente, vendeu tudo. Uma mistura de sentimentos invadiu meu ser. Torci para que os temperos que são o seu sustento, dessem muitos sabores a sua vida.